tag:blogger.com,1999:blog-46708419564733354212024-03-05T12:48:51.593+00:00os alinhavos da poesiaBlogue de Poesia da Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes LopesBibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-72359632942091489762011-03-21T13:35:00.003+00:002011-03-21T13:40:30.468+00:00As Árvores e os Livros<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmKbHZwtqrwnNcLMQvhbwMXS6lu2pzAxA_xC4yoVUhgrXMKMngKPR0pSNSL-pbePA_GbnV94Q0XBfXl5GWbR_9cCZD0E3Cy1IqlXDVZRb1oefuzge6HbcOK7xuAphVI5FtmHPxOMyFngw/s400/arvores+e+livros.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmKbHZwtqrwnNcLMQvhbwMXS6lu2pzAxA_xC4yoVUhgrXMKMngKPR0pSNSL-pbePA_GbnV94Q0XBfXl5GWbR_9cCZD0E3Cy1IqlXDVZRb1oefuzge6HbcOK7xuAphVI5FtmHPxOMyFngw/s400/arvores+e+livros.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Uma pequena homenagem à Poesia e à Árvore? Que seria de uma sem a outra?<br /><br /><br /><br />As árvores e os livros <br />As árvores como os livros têm folhas<br />e margens lisas ou recortadas,<br />e capas (isto é copas) e capítulos<br />de flores e letras de oiro nas lombadas.<br /><br />E são histórias de reis, histórias de fadas,<br />as mais fantásticas aventuras,<br />que se podem ler nas suas páginas<br />no pecíolo, no limbo, nas nervuras.<br /><br />As florestas são imensas bibliotecas,<br />e até há florestas especializadas,<br />com faias, bétulas e um letreiro<br />a dizer: «Floresta das zonas temperadas».<br /><br />É evidente que não podes plantar<br />no teu quarto, plátanos ou azinheiras.<br />Para começar a construir uma biblioteca,<br />basta um vaso de sardinheiras.<br /><br />Jorge Sousa Braga, Herbário (2002)Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-79954049063752393312010-10-19T09:21:00.003+01:002010-10-19T09:25:04.405+01:00Amo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU3FRHhUQEN8coH0ZL4BKHNgVkeqc0ZCUhJ3BDPU5uFXB6-3sxsqkOIWiJzu7YoFMnqa3DokfsarGg27R2KIo1dO0evB5UgmaYWMjNJ7QM9-SPshIcEDAPbzu3GqjEU3AqzFx92gUbPwA/s1600/images.jpg"><img style="float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer; width: 169px; height: 256px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU3FRHhUQEN8coH0ZL4BKHNgVkeqc0ZCUhJ3BDPU5uFXB6-3sxsqkOIWiJzu7YoFMnqa3DokfsarGg27R2KIo1dO0evB5UgmaYWMjNJ7QM9-SPshIcEDAPbzu3GqjEU3AqzFx92gUbPwA/s320/images.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5529669683048685042" border="0" /></a><br />Amo-te<br /><br />Amo-te, sim, é sincero,<br />Amo-te…<br />Sim, é a ti que eu quero.<br /><br />Dava tudo para o tempo voltar atrás,<br />Estar de novo ao teu lado…<br />Alcançar-te…<br />Quem me dera voltar ao passado.<br /><br />Foram poucos os momentos juntos,<br />Mas tudo guardei.<br />São poucas as memórias,<br />Mas eu sempre tudo recordarei.<br /><br />Ainda me lembro…<br />Conhecemo-nos e eu dizia-te odiar,<br />Mas como diz o ditado…<br />Com tanto ódio, acaba-se por amar.<br /><br />Por momentos pensei que esse sentimento fosse mútuo,<br />Pois teus gestos eram isso que diziam…<br />Mas depois tudo mudou,<br />E no fim descobri que teus gestos mentiam.<br /><br />Mas já era tarde quando isso descobri,<br />Pois quando dei por mim…<br />Já só em ti conseguia pensar…<br />Quando dei por mim, já de ti estava a gostar.<br /><br />Sim, foi preciso pouco para me hipnotizares,<br />Deste-me asas para voar,<br />E em seguida tiraste-mas…<br />E eu cai, sem ninguém lá para a queda me aparar.<br /><br />Já me tinham avisado em relação a ti.<br />Mas eu não quis saber<br />E insisti,<br />Em contigo um amor tentar.<br /><br />E agora? O que posso fazer?<br />Agora que te amo…<br />O meu destino é novamente sofrer.<br /><br />Porquê?<br />Se tuas intenções eram só um bom momento passar,<br />E em seguida me abandonar…<br />Porque é que me enfeitiçaste de forma a de ti ficar a gostar?<br />Ou melhor, gostar é pouco…<br />Eu digo com toda a certeza que te amo!<br />Pois pensar em alguém dia e noite…<br /> Amor a isso eu chamo<br /><br />Eu amo-te,<br />E é por isso que…<br />Sempre que tento adormecer,<br />A tua imagem teme em aparecer;<br />E é abraçada a uma miragem<br />Que eu me deixo dormir,<br />Pois assim é uma maneira<br />De a saudade diminuir.<br />E tudo parece tão real,<br />Mas de manhã abalada me sinto, pois tudo foi fantasia…<br />E é isso que me deixa tão mal,<br />E sempre que quero esquecer,<br />Lembro-me dos teus olhos, do teu riso<br />E isso tanto me faz enfraquecer.<br />Pois por um lado, nunca mais te quero ver<br />E por outro, sinto tantas saudades do teu ser<br />E sempre que tento por ti lutar,<br />Lembro que me fazes sofrer<br />E que sempre me irás derrotar,<br />Pois por mais que eu pense que não,<br />Tu nunca irás mudar…<br /><br />Fazes-me tanta falta…<br />Preciso tanto de ti,<br />Por favor, eu peço: “volta para mim”,<br />Mas não voltes assim…<br /><br />Não voltes sendo aquilo em que te transformaste,<br />Volta sendo tu próprio,<br />Sendo aquele ser<br />Que anteriormente me mostraste.<br /><br />Pois preciso de ti, <br />E não do alguém por quem te fazes passar,<br />Preciso de ti sincero<br />E não naquele alguém em teimaste mascarar.<br /><br />E é a pensar que vais voltar,<br />Que eu ainda consigo viver<br />É a pensar que me vais voltar a abraçar<br />Que eu continuo o meu caminho percorrer.<br /><br />Eu amo-te<br />E é por isso que sempre que te imagino de novo a meu lado,<br />Faz-me voar…<br />E só de pensar que já te tive no passado<br />Dá-me vontade de lutar.<br />E sempre que te vejo,<br />Quero te tocar…<br />Mas sei que não devo,<br />Porque me irás voltar a magoar,<br />E sempre que tento ignorar,<br />Não consigo…<br />Pois o sentimento é tão forte<br />Que não me deixa libertar.<br />Eu amo-te…<br />Dá-me uma oportunidade de demonstrar…<br />Amo-te tal como és,<br />Simplesmente por te amar.<br />Eu amo-te<br />E não me canso de o dizer.<br />Eu amo-te,<br />Fica comigo não me faças sofrer.<br />Eu amo-te, <br />Sem ti nada faz sentido.<br />Por favor mostra-me<br />Que ainda é possível ficar contigo.<br /><br />Mas depois penso…<br />Que para ti…<br />Fui apenas mais uma,<br />E isso faz-me recuar,<br />Faz-me baixar as armas<br />E ter medo de novo tentar.<br /><br />Porque é que preferes ser<br />Um vilão disfarçado<br />A um príncipe encantado?<br /><br />Tu que para mim és perfeito,<br />Tu que para mim és o escolhido,<br />Por vezes colocas uma mascara<br />De um alguém que me é desconhecido.<br /><br />Eu amo-te<br />E por ti faria tudo.<br />Eu amo-te, por ti iria até ao fim do mundo.<br /><br /><br />Luana de Brito Pereira (aluna da ESFFL)Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-90238297640345225692010-05-11T20:56:00.002+01:002010-05-11T21:02:51.017+01:00<a href="http://i2.photobucket.com/albums/y10/ameliapais/ler/WomanWith20Book.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 275px; height: 395px;" src="http://i2.photobucket.com/albums/y10/ameliapais/ler/WomanWith20Book.jpg" border="0" alt="" /></a> <br />Vá à Feira do Livro, às livrarias, às bibliotecas que emprestam livros e traga um livro. <br />Leve o livro para casa.<br />Leve o livro para a cama.<br />É sempre uma boa companhia. Quando lê, nunca está sozinho.<br />Mas primeiro dispa-o cuidadosamente do papel ou do saco de plástico que o envolve. <br />Depois, pode demorar-se a apreciar a encadernação, acariciar a lombada, abri-lo lentamente, folheá-lo devagarinho até encontrar uma ilustração mais interessante, pode voltar ao princípio, começar a lê-lo sem presas, entusiasmar-se e mesmo acabar de repente, com sofreguidão.<br /><br />E pode começar de novo de uma maneira ou de outra. Um livro tem sempre algo de diferente a revelar, às vezes custa é descobri-lo.<br />Pode voltar a pegar-lhe no dia seguinte, todos os dias, até se cansar, que ele permanece sempre a seu lado.<br /><br />Não precisa de fazer uma leitura segura: não é necessário pôr-lhe uma capa plástica para o proteger. As suas mãos podem sentir-lhe a textura, a suavidade, a qualidade do papel, o cheiro da tinta e o pior que pode acontecer-lhe é ficar seduzido para sempre.<br /><br />Pode lê-lo em qualquer posição, de trás para a frente, de frente para trás ou mesmo começar pelo meio. O livro está sempre disponível para se entregar a quem o ama.<br /><br />Talvez seja mesmo o primeiro a tê-lo, e então haja com mil cuidados, porque vai querer saborear esse momento raro de colher as primícias do seu conteúdo.<br /><br />E também há-de querer lê-lo mais vezes.<br />Leve um livro para a cama.<br />Ler, às vezes, é quase tão bom como fazer amor.<br />Leve um livro para a cama, hoje, amanhã, sempre.<br /> <br /><strong><em>Henrique Barreto Nunes</em></strong>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-28015443355080159532010-04-24T23:00:00.001+01:002010-04-24T23:09:35.308+01:00<a href="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:-7HvR2Hv-d2NxM:http://3.bp.blogspot.com/_DYSjN9SvXOc/SfFcLorNTSI/AAAAAAAAAQY/rMOO4bBnVX4/s320/Cravo_Vermelho.gif"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 81px; height: 109px;" src="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:-7HvR2Hv-d2NxM:http://3.bp.blogspot.com/_DYSjN9SvXOc/SfFcLorNTSI/AAAAAAAAAQY/rMOO4bBnVX4/s320/Cravo_Vermelho.gif" border="0" alt="" /></a><br />Havia uma lua de prata e sangue <br />em cada mão. <br /><br />Era Abril. <br /><br />Havia um vento <br />que empurrava o nosso olhar <br />e um momento de água clara a escorrer <br />pelo rosto de mães cansadas. <br /><br />Era Abril <br />que descia aos tropeções <br />as ladeiras da cidade. <br /><br />Abril <br />tingindo de perfume <br />os hospitais <br />e colando um verso branco em cada farda. <br /><br />Era Abril <br />o mês imprescindível que trazia <br />um sonho de bagos de romã <br />e o ar <br />a saber a framboesas. <br /><br />Abril <br />um mês de flores concretas <br />colocadas na espoleta do desejo <br />flores pesadas de seiva e cânticos azuis <br />um mês de flores <br />um dia <br />um mar de flores <br />um mês. <br /><br />Havia barcos a voltar <br />de parte nenhuma <br />em Abril <br />e homens que escavavam a terra <br />em busca da vertical. <br /><br />O nosso lar passou a ser a rua <br />nesse mês sem sono. <br /><br />Era Abril <br />e eu soltei o sumo <br />da palavras <br />e vi <br />dicionários a voar <br />nesse mês <br />e mulheres que se despiam abraçando <br />a pele das oliveiras. <br /><br />Era Abril <br />que veio <br />que ardeu <br />e que partiu. <br /><br />Abril <br />que deixou sementes prateadas <br />germinando longamente <br />no olhar dos meninos por haver. <br /><br /><br /><em>José Fanha, in "Tempo Azul"</em>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-17430398152852086462010-04-14T21:48:00.004+01:002010-04-14T21:57:42.263+01:00O MAR<a href="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:9-1-UU_83bYa9M:http://amoergosum.blogs.sapo.pt/arquivo/mar%20de%20setembro.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 129px; height: 97px;" src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:9-1-UU_83bYa9M:http://amoergosum.blogs.sapo.pt/arquivo/mar%20de%20setembro.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Dizem que olhamos o mar<br />E vemos o azul da vida<br />Dizem que olhamos o mar <br />E vemos a vida percorrida.<br /><br />Mas nós não olhamos o mar, <br />Ele é que nos olha a nós,<br />Presente em tudo o quer passa<br />Embala-nos com a sua voz.<br /><br />Vezes sem conta eu olho o mar<br />E sinto uma estranha leveza,<br />Parece que ele me faz aprofundar<br />Na minha própria riqueza.<br /><br /><br />Sandra Salgadinho (aluna da ESFFL)Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-12874946055078491122010-03-21T11:34:00.005+00:002010-03-21T11:48:47.940+00:00Dia Mundial da Poesia<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheD6qzyZnioXL2SYFfKOgXpY9_fbjuGlt_nHU30Rt_yrt_XVuXiRHgXRFf0dMZF3gPySFrgz76g3IqbmdpPqz__vPXXLHTEOalmsoOL32Sc_cuaHIQ4IE-xzNVZ4c29cd3WE9xNsHjWHU/s1600-h/poesiabrochuresmall.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 261px; FLOAT: left; HEIGHT: 275px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451052117064607298" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheD6qzyZnioXL2SYFfKOgXpY9_fbjuGlt_nHU30Rt_yrt_XVuXiRHgXRFf0dMZF3gPySFrgz76g3IqbmdpPqz__vPXXLHTEOalmsoOL32Sc_cuaHIQ4IE-xzNVZ4c29cd3WE9xNsHjWHU/s320/poesiabrochuresmall.jpg" /></a>Festejamos hoje, 21 de Março, mais um <strong>Dia Mundial da Poesia</strong> ( e um ano de existência) com poemas "alinhavados" por alunos da nossa Escola:<br /><br /><strong><span style="color:#cc33cc;">A Vida</span></strong><br /><br />É assim aos dezassete<br />Ri, chora<br />Tudo sonha, tudo quer<br />Como se fosse criança.<br /><br />Lá em casa só reclamam:<br />“Ai, como a vida é dura!”<br />Ela, pura, desconfia<br />Que a vida rodopia,<br />Todos choram, todos amam.<br /><br />A vida é assim tão ruim?<br />Vai por mim e aproveita<br />Esta vida tão imperfeita<br />Canta e dança até ao fim.<br /><br />Sandra Salgadinho (aluna da ESFFL)<br /><br /><span style="color:#cc33cc;"><strong>Imaginação</strong> </span><br /><br /><br />A imaginação é o infinito<br />O tudo e o nada,<br />O fim e o início de tudo.<br />É poder por burilar,<br />Imortalidade mascarada,<br />Barulho mudo.<br /><br />Ignorar a imaginação<br />É negar o nosso direito à riqueza<br />Ao amor e à beleza.<br />É esconder o coração<br />E condensar os sentimentos<br />Em curtos momentos.<br /><br /><br />A imaginação é o culminar<br />Das nossas fantasias,<br />Das ilusões e das mentiras,<br />Do lutar e do amor.<br />É o fim de todas as nossas vivências,<br />Felizes ou infelizes,<br />Más ou boas<br />Mas é, principalmente, o que somos<br />De onde viemos e para onde vamos.<br /><br />Quem somos e<br />Quem queremos ser. </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><em>Mónica Lopes 10º A</em></span> </div>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-4454727071774373852010-03-19T17:01:00.003+00:002010-03-19T17:09:15.437+00:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMirC_wB2fIqo-uUtKZlaTG3CowPb2OMgi0T-U46LUhR4BX2l1lRX2GkxV5mQbpJrR3ucSj5M_5DLC6pmnWtlWsl304s_g8xDf2M-LznjxuxQeqENQOGW1CUmhiS0QrXQeNPAZAuibn3Y/s1600-h/maos.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; FLOAT: left; HEIGHT: 209px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5450392101306582930" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMirC_wB2fIqo-uUtKZlaTG3CowPb2OMgi0T-U46LUhR4BX2l1lRX2GkxV5mQbpJrR3ucSj5M_5DLC6pmnWtlWsl304s_g8xDf2M-LznjxuxQeqENQOGW1CUmhiS0QrXQeNPAZAuibn3Y/s320/maos.jpg" /></a><br /><strong>AS MÃOS DO MEU PAI</strong><br /><br /><br />As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis<br />sobre um fundo de manchas já cor de terra<br />— como são belas as tuas mãos —<br />pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram<br />na nobre cólera dos justos…<br /><br />Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,<br />essa beleza que se chama simplesmente vida.<br />E, ao entardecer, quando elas repousam<br />nos braços da tua cadeira predileta,<br />uma luz parece vir de dentro delas…<br /><br />Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,<br />vieste alimentando na terrível solidão do mundo,<br />como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?<br />Ah, Como os fizeste arder, fulgir,<br />com o milagre das tuas mãos.<br /><br />E é, ainda, a vida<br />que transfigura das tuas mãos nodosas...ia<br />essa chama de vida — que transcende a própria vida...<br />e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...<br /><br /><em>Mário Quintana</em>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-9532972046548112002010-03-07T17:49:00.003+00:002010-03-07T17:54:41.941+00:00A propósito do Dia Internacional da Mulher<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhetevNSWxX_-iE_9A0zz231nMzbbNkXzJsU7lrtdMc2iXCB0HdtzC1vtyDxbk_LwKnbkfLWDTYnk2Rq8T9KQPyXt5dfBiEaFss-C8HlBBouGukZ85l63Cvnx3zJdWdeuvLTADbrHS7_ppT/s640/pablo-picasso-mulher-ao-espelho.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 276px; FLOAT: left; HEIGHT: 356px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhetevNSWxX_-iE_9A0zz231nMzbbNkXzJsU7lrtdMc2iXCB0HdtzC1vtyDxbk_LwKnbkfLWDTYnk2Rq8T9KQPyXt5dfBiEaFss-C8HlBBouGukZ85l63Cvnx3zJdWdeuvLTADbrHS7_ppT/s640/pablo-picasso-mulher-ao-espelho.jpg" /></a> <strong>A Mulher</strong><br /><br />A mulher não é só casa<br />Mulher-loiça, mulher-cama<br />Ela é também mulher-asa,<br />Mulher-força, mulher-chama<br /><br />E é preciso dizer<br />Dessa antiga condição<br />A mulher soube trazer<br />A cabeça e o coração<br /><br />Trouxe a fábrica ao seu lar<br />E ordenado à cozinha<br />E impôs a trabalhar<br />A razão que sempre tinha<br /><br />Trabalho não só de parto<br />Mas também de construção<br />Para um filho crescer farto<br />Para um filho crescer são<br /><br />A posse vai-se acabar<br />No tempo da liberdade<br />O que importa é saber estar<br />Juntos em pé de igualdade<br /><br />Desde que as coisas se tornem<br />Naquilo que a gente quer<br />É igual dizer meu homem<br />Ou dizer minha mulher.<br /><br /><span style="font-size:78%;"><em>Ary dos Santos</em></span>Teresahttp://www.blogger.com/profile/08041310573206032829noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-60317594003593121162010-03-01T21:46:00.002+00:002010-03-01T21:48:42.788+00:00Portugal<a href="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:F9P2vzgVI3T7DM:http://www.assirio.pt/images/autores/1113.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 98px; FLOAT: right; HEIGHT: 145px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:F9P2vzgVI3T7DM:http://www.assirio.pt/images/autores/1113.jpg" /></a>Portugal<br />Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse<br />oitocentos<br />Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de<br />África<br />só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais<br />e nunca mais voltasse<br />Quase chego a pensar que é tudo uma mentira<br />que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney<br />e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente<br />Portugal<br />Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional(que os meus egrégios avós me perdoem)<br />Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo<br />Anda na consulta externa do Júlio de Matos<br />Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar<br />àparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de<br />rosas<br />Portugal<br />Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do<br />Império<br />mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado<br />Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr uma pérola que fosse<br />das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador<br />Portugal<br />Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém<br />Sabes<br />Estou loucamente apaixonado por ti<br />Pergunto a mim mesmo<br />Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu<br />mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal<br />e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade<br />Portugal estás a ouvir-me?<br />Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar estava no poder nada<br />de ressentimentos<br />um dia bebi vinagre nada de ressentimentos<br />Portugal<br />Sabes de que cor são os meus olhos?<br />São castanhos como os da minha mãe<br />Portugal<br />gostava de te beijar muito apaixonadamente<br />na bocaBibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-46982640109292758212010-02-11T22:44:00.002+00:002010-02-11T22:47:21.898+00:00Flor<div align="justify"><a href="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:t40v1V-NPPz6KM:http://www.eccn.edu.pt/alunos/joanaq_elisa/almada%2520negreiros%25201.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 103px; FLOAT: right; HEIGHT: 127px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:t40v1V-NPPz6KM:http://www.eccn.edu.pt/alunos/joanaq_elisa/almada%2520negreiros%25201.jpg" /></a>Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.<br /></div><div align="justify">Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.<br /><br />Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.<br /><br />Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!<br /><br />As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!<br /><br />Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!<br /><br /><br />ALMADA NEGREIROS </div>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-60793859320508909002010-02-02T20:39:00.005+00:002010-02-07T20:20:31.085+00:00A Vida num Sonho<a href="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:sEI_rT9-oYMQEM:http://www.cm-pvarzim.pt/groups/staff/conteudo/noticias/resolveuid/554ac641b6d7cf4e49fd584fecaead02/image_preview"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 124px; FLOAT: right; HEIGHT: 93px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:sEI_rT9-oYMQEM:http://www.cm-pvarzim.pt/groups/staff/conteudo/noticias/resolveuid/554ac641b6d7cf4e49fd584fecaead02/image_preview" /></a>Quem me quiser há-de saber as conchas<br />a cantiga dos búzios e do mar.<br />Quem me quiser há-de saber as ondas<br />e a verde tentação de naufragar.<br /><br />Quem me quiser há-de saber as fontes,<br />a laranjeira em flor, a cor do feno,<br />a saudade lilás que há nos poentes,<br />o cheiro de maçãs que há no inverno.<br /><br />Quem me quiser há-de saber a chuva<br />que põe colares de pérolas nos ombros<br />há-de saber os beijos e as uvas<br />há-de saber as asas e os pombos.<br /><br />Quem me quiser há-de saber os medos<br />que passam nos abismos infinitos<br />a nudez clamorosa dos meus dedos<br />o salmo penitente dos meus gritos.<br /><br />Quem me quiser há-de saber a espuma<br />em que sou turbilhão, subitamente<br />- Ou então não saber coisa nenhuma<br />e embalar-me ao peito, simplesmente.Teresahttp://www.blogger.com/profile/08041310573206032829noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-35966490114202889072010-01-12T22:32:00.002+00:002010-01-12T22:35:27.207+00:00Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe<a href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:jTexy6r-x-hQ6M:http://static.publico.clix.pt/imagens.aspx/257828%3Ftp%3DUH%26db%3DIMAGENS%26w%3D350"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 114px; FLOAT: right; HEIGHT: 119px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:jTexy6r-x-hQ6M:http://static.publico.clix.pt/imagens.aspx/257828%3Ftp%3DUH%26db%3DIMAGENS%26w%3D350" /></a><br /><div>Pachos na testa<br />terço na mão<br />uma botija<br />chá de limão<br />zaragatoas<br />vinho com mel<br />três aspirinas<br />creme na pele<br />grito de medo<br />chamo a mulher -<br />ai Lurdes Lurdes<br />que vou morrer<br />mede-me a febre<br />olha-me a goela<br />cala os miúdos<br />fecha a janela<br />não quero canja<br />nem a salada<br />ai Lurdes Lurdes<br />não vales nada<br />se tu sonhasses<br />como me sinto<br />já vejo a morte<br />nunca te minto<br />já vejo o inferno<br />chamas diabos<br />anjos estranhos<br />cornos e rabos<br />vejo os demónios<br />nas suas danças<br />tigres sem listras<br />bodes de tranças<br />choros de coruja<br />risos de grilo<br />ai Lurdes Lurdes<br />que foi aquilo<br />não é a chuva<br />no meu-postigo<br />ai Lurdes Lurdes<br />fica comigo<br />não é o-vento<br />a cirandar<br />nem são as vozes<br />que vêm do mar<br />não é o pingo<br />de uma torneira<br />põe-me a santinha<br />à cabeceira<br />compõe-me a colcha<br />fala ao prior<br />pousa o Jesus<br />no cobertor<br />chama o doutor<br />passa a chamada<br />ai Lurdes Lurdes<br />nem dás por nada<br />faz-me tisanas<br />e pão de ló<br />não te levantes<br />que fico só<br />aqui sozinho<br />a apodrecer<br />ai Lurdes Lurdes<br />que vou morrer.<br /><br /><br />in Letrinhas de Cantigas, António Lobo Antunes<br /></div>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-6075734344894837882009-12-21T23:43:00.003+00:002009-12-21T23:51:45.560+00:00NATAL CHIQUE<a href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:s9fFQkw4P0ME7M:http://jane.marisa.zip.net/images/natal.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 191px; FLOAT: right; HEIGHT: 140px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:s9fFQkw4P0ME7M:http://jane.marisa.zip.net/images/natal.jpg" /></a><br /><div>Percorro o dia, que esmorece<br />Nas ruas cheias de rumor;<br />Minha alma vã desaparece<br />Na muita pressa e pouco amor.<br /><br />Hoje é Natal. Comprei um anjo,<br />Dos que anunciam no jornal;<br />Mas houve um etéreo desarranjo<br />E o efeito em casa saiu mal.<br /><br />Valeu-me um príncipe esfarrapado<br />A quem dão coroas no meio disto,<br />Um moço doente, desanimado…<br />Só esse pobre me pareceu Cristo.<br /><br />Vitorino Nemésio </div>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-19515873078233502092009-11-06T19:25:00.002+00:002009-11-06T19:32:54.227+00:00Há Palavras que Nos Beijam<a href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:SmLR8V4jR8WDdM:http://lh3.google.com/poemas.poetas/R-THlnN4pFI/AAAAAAAAAGY/UVPONnAAlfI/alexandre%2520o%27neil_thumb%255B3%255D.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 88px; FLOAT: right; HEIGHT: 128px; CURSOR: hand" border="0" alt="" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:SmLR8V4jR8WDdM:http://lh3.google.com/poemas.poetas/R-THlnN4pFI/AAAAAAAAAGY/UVPONnAAlfI/alexandre%2520o%27neil_thumb%255B3%255D.jpg" /></a>Há palavras que nos beijam<br />Como se tivessem boca.<br />Palavras de amor, de esperança,<br />De imenso amor, de esperançar louca.<br /><br />Palavras nuas que beijas<br />Quando a noite perde o rosto;<br />Palavras que se recusam<br />Aos muros do teu desgosto.<br /><br />De repente coloridas<br />Entre palavras sem cor,<br />Esperadas inesperadas<br />Como a poesia ou o amor.<br /><br />(O nome de quem se ama<br />Letra a letra revelado<br />No mármore distraído<br />No papel abandonado)<br /><br />Palavras que nos transportam<br />Aonde a noite é mais forte,<br />Ao silêncio dos amantes<br />Abraçados contra a morte.<br /><br /><span style="font-size:85%;"><em>Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'</em></span>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-90268776964554933382009-10-18T21:39:00.002+01:002009-10-18T21:43:56.743+01:00[NÃO GOSTO TANTO] - Adília Lopes<a href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:rL09PxYx08dVdM:http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/files/54/4640_Lopes.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 100px; height: 82px;" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:rL09PxYx08dVdM:http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/files/54/4640_Lopes.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Não gosto tanto<br />de livros<br />como Mallarmé<br />parece que gostava<br />eu não sou um livro<br />e quando me dizem<br />gosto muito dos seus livros<br />gostava de poder dizer<br />como o poeta Cesariny<br />olha<br />eu gostava<br />é que tu gostasses de mim<br />os livros não são feitos<br />de carne e osso<br />e quando tenho<br />vontade de chorar<br />abrir um livro<br />não me chega<br />preciso de um abraço<br />mas graças a Deus<br />o mundo não é um livro<br />e o acaso não existe<br />no entanto gosto muito<br />de livros<br />e acredito na Ressurreição<br />dos livros<br />e acredito que no Céu<br />haja bibliotecas<br />e se possa ler e escrever.<br /><br />De Florbela Espanca (1999)Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-8261881417574194002009-09-12T12:47:00.002+01:002009-09-12T12:49:56.486+01:00Desencontro<a href="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:9bQJvUz2KeeYGM:http://www.triplov.com/poesia/jorge_de_sena/jorge_de_sena.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 91px; height: 110px;" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:9bQJvUz2KeeYGM:http://www.triplov.com/poesia/jorge_de_sena/jorge_de_sena.jpg" border="0" alt="" /></a><br />Só quem procura sabe como há dias <br />de imensa paz deserta; pelas ruas <br />a luz perpassa dividida em duas: <br />a luz que pousa nas paredes frias, <br />outra que oscila desenhando estrias <br />nos corpos ascendentes como luas <br />suspensas, vagas, deslizantes, nuas, <br />alheias, recortadas e sombrias. <br /><br />E nada coexiste. Nenhum gesto <br />a um gesto corresponde; olhar nenhum <br />perfura a placidez, como de incesto, <br /><br />de procurar em vão; em vão desponta <br />a solidão sem fim, sem nome algum - <br />- que mesmo o que se encontra não se encontra. <br /><br />Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-66208414790918092402009-07-23T21:27:00.003+01:002009-07-23T21:30:55.916+01:00Cântico Negro de José Régio<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/KL5OfC0p6rY&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/KL5OfC0p6rY&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-12696107175178438792009-07-12T21:27:00.004+01:002009-07-12T21:40:30.050+01:00Identidade<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiluiHhnJyD0Iwy-1JMDcpaXxbMGDNQXpp7oQ-nNuaaRqWv2y8s5P5PQKl8YILl1uQcjxbWU49JMev9Z_qa2gF0ZUQmbnZBtqFuW2b0JrR1eKZoBg5IALVDjBpof01zhXdk31Jn-aVvlWg/s1600-h/untitled.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 210px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiluiHhnJyD0Iwy-1JMDcpaXxbMGDNQXpp7oQ-nNuaaRqWv2y8s5P5PQKl8YILl1uQcjxbWU49JMev9Z_qa2gF0ZUQmbnZBtqFuW2b0JrR1eKZoBg5IALVDjBpof01zhXdk31Jn-aVvlWg/s320/untitled.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5357675867784343074" /></a><br /> <br />Preciso ser um outro <br />para ser eu mesmo <br /><br />Sou grão de rocha <br />Sou o vento que a desgasta <br /><br />Sou pólen sem insecto <br /><br />Sou areia sustentando <br />o sexo das árvores <br /><br />Existo onde me desconheço <br />aguardando pelo meu passado <br />ansiando a esperança do futuro <br /><br />No mundo que combato morro <br />no mundo por que luto nasço <br /><br />Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-13485610059183441642009-05-11T17:15:00.002+01:002009-05-11T19:14:39.047+01:00Os Meus Livros<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkaEdgSIvpeqzjOsAfGFX7wAXzL0KUEpQkCB6fp_D0ytzurCMFpHsAqVCITWZDB_Gey1xkhH6tg4MjmBKU6LRoT4PrNu4TBRWfzejjDEZ6UxKCeVr75La3EO6TZRZtS6L7yWaneD1TFng1/s1600-h/livros.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 176px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkaEdgSIvpeqzjOsAfGFX7wAXzL0KUEpQkCB6fp_D0ytzurCMFpHsAqVCITWZDB_Gey1xkhH6tg4MjmBKU6LRoT4PrNu4TBRWfzejjDEZ6UxKCeVr75La3EO6TZRZtS6L7yWaneD1TFng1/s200/livros.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5334631420103354802" /></a><br />Os meus livros (que não sabem que existo) <br />São uma parte de mim, como este rosto <br />De têmporas e olhos já cinzentos <br />Que em vão vou procurando nos espelhos <br />E que percorro com a minha mão côncava. <br />Não sem alguma lógica amargura <br />Entendo que as palavras essenciais, <br />As que me exprimem, estarão nessas folhas <br />Que não sabem quem sou, não nas que escrevo. <br />Mais vale assim. As vozes desses mortos <br />Dir-me-ão para sempre. <br /><br /><em>Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda" </em>Teresahttp://www.blogger.com/profile/08041310573206032829noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-30404293551001790512009-04-23T21:37:00.003+01:002009-04-23T21:45:44.023+01:00As pétalas de rosa<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk64MFwynRGC3X0YZcFaZRurrnGEY-hKeMsCU1tTaaXez29j8-oI5__I3EYqVYl9xXXIVs4Xe1iEfLr-WKntI3w9xgVXYKts4I_7e88xODriTaJ0V0Sqdj3w4C9CMA3QsRq1M-isAIskA/s1600-h/livro-ventura_blog.png"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 218px; height: 314px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk64MFwynRGC3X0YZcFaZRurrnGEY-hKeMsCU1tTaaXez29j8-oI5__I3EYqVYl9xXXIVs4Xe1iEfLr-WKntI3w9xgVXYKts4I_7e88xODriTaJ0V0Sqdj3w4C9CMA3QsRq1M-isAIskA/s320/livro-ventura_blog.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5327990798019316530" /></a><br />A luz é a água da rosa. Branca<br />numa jarra, desbrocha para a sala<br />pondo a natureza na casa. E eis<br />que caem as pétalas uma a uma.<br />Termina o instante da rosa.<br /><br />António José Ventura<br />"Épica Menor"Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-53004233383563209472009-04-14T20:21:00.002+01:002009-04-14T20:24:56.837+01:00Poema para LiliLevava eu um jarrinho<br />P'ra ir buscar vinho<br />Levava um tostão<br />P'ra comprar pão:<br />E levava uma fita<br />Para ir bonita. <br /><br />Correu atrás<br />De mim um rapaz:<br />Foi o jarro p'ra o chão,<br />Perdi o tostão,<br />Rasgou-se-me a fita...<br />Vejam que desdita! <br /><br />Se eu não levasse um jarrinho,<br />Nem fosse buscar vinho,<br />Nem trouxesse uma fita<br />Pra ir bonita,<br />Nem corresse atrás<br />De mim um rapaz<br />Para ver o que eu fazia,<br />Nada disto acontecia. <br /><br /><br /><em>Fernando Pessoa </em>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-73115739160979719152009-04-14T20:21:00.000+01:002009-04-14T20:22:56.636+01:00Poema para LiliLevava eu um jarrinho<br />P'ra ir buscar vinho<br />Levava um tostão<br />P'ra comprar pão:<br />E levava uma fita<br />Para ir bonita. <br />Correu atrás<br />De mim um rapaz:<br />Foi o jarro p'ra o chão,<br />Perdi o tostão,<br />Rasgou-se-me a fita...<br />Vejam que desdita! <br /><br />Se eu não levasse um jarrinho,<br />Nem fosse buscar vinho,<br />Nem trouxesse uma fita<br />Pra ir bonita,<br />Nem corresse atrás<br />De mim um rapaz<br />Para ver o que eu fazia,<br />Nada disto acontecia. <br /><br /><br /><em>Fernando Pessoa </em>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-86850104454957044772009-03-31T19:25:00.000+01:002009-03-31T19:26:41.934+01:00O Futuro Sai da Fenda e da Feridaa geometria abre a linha para deixar passar a Imaginação. <br />O FUTURO sai da FENDA e da FERIDA. <br />Do que antes foi, hoje sai Sangue. <br />Inundar o VAZIO: o FUTURO inunda o VAZIO. <br />Porque todo o vazio tem por INIMIGO a Imaginação. <br />Porque todo o vazio tem o Inimigo. <br /><br /><em>Gonçalo M. Tavares</em>, in "Investigações. Novalis"Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-70944471170517584882009-03-26T21:01:00.001+00:002009-03-26T21:03:50.535+00:00O MarO Mar<br /> <br />O mar,<br />É muito mais que simples água,<br />Muito mais que simples inspiração<br />Muito mais que um sítio onde se lavam mágoas<br />Muito mais que uma forma de vida<br />Muito mais que um sítio que acalenta a alma perdida.<br /> <br />O mar deu aos portugueses o mundo<br />E, aos olhanenses uma grande conquista.<br />O mar ocupa um espaço fundo<br />Na voz do poeta,<br />Que até aqui era secreta.<br /> <br />O mar é um lugar de esplendor,<br />Basta olharmos para uma das suas criações,<br />Para percebermos que sem ele não existiria cor<br />Nas nossas vidas e corações.<br /> <br />É um mundo completamente diferente,<br />Um mundo tão misterioso<br />Que nem conseguimos imaginar na nossa mente.<br />E, é por isso que o acho tão maravilhoso,<br />É um cofre que ninguém consegue abrir,<br />Por este ser demasiado precioso para ser revelado<br />E, porque o seu mistério é o que nos faz sentir,<br />Uma tremenda vontade de nunca desistir<br />Daquilo que realmente queremos seguir.<br /> <br /> <br />Rossana Luís e Silva<br />(aluna do 10º ano)Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4670841956473335421.post-19356868979865698412009-03-24T22:30:00.000+00:002009-03-24T22:31:11.899+00:00O Vosso tanque General, é um carro forteDerruba uma floresta esmaga cem <br />Homens, <br />Mas tem um defeito <br />- Precisa de um motorista <br /><br />O vosso bombardeiro, general <br />É poderoso: <br />Voa mais depressa que a tempestade <br />E transporta mais carga que um elefante <br />Mas tem um defeito <br />- Precisa de um piloto. <br /><br />O homem, meu general, é muito útil: <br />Sabe voar, e sabe matar <br />Mas tem um defeito <br />- Sabe pensar <br /><br /><em>Bertold Brecht</em>Bibliotecahttp://www.blogger.com/profile/15816638757696212513noreply@blogger.com0